ESTUDO INDICA QUE AQUECIMENTO GLOBAL TAMBÉM INTERFERE NAS NUVENS
As nuvens, reguladoras térmicas do
planeta, também mudaram em razão das mudanças climáticas, o que poderia
contribuir para aumentar o aquecimento global, segundo um estudo publicado
nesta terça-feira (12) na revista Nature.
Desde os anos 1980, a nebulosidade
diminuiu nas áreas temperadas de latitude média, com uma expansão das zonas
secas subtropicais em direção aos polos, revela a análise de cerca de 20
imagens de satélite. E em todas as partes as nuvens subiram sua latitude.
"Essas mudanças reforçam a
absorção pela Terra da radiação solar e reduzem o retorno das radiações
térmicas para o espaço", explicou Scripps Institution of Oceanography, da
Universidade da Califórnia em San Diego, que participou do estudo.
"Isso exacerba o aquecimento
mundial, aumentando as concentrações de gases do efeito estufa (GES)".
As nuvens regulam a temperatura da
Terra, enviando para o espaço uma parte da radiação solar antes que elas
alcancem o chão. À noite, elas agem como um cobertor para minimizar a perda de
calor.
Sua influência nas alterações
climáticas é "uma dos principais áreas de incerteza para os cientistas que
trabalham sobre o clima e que tentam antecipar sua evolução futura",
disseram os pesquisadores.
Os satélites, originalmente
concebido para prever a meteorologia, não são estáveis o suficiente para
acompanhar a evolução das nuvens ao longo das décadas. Mas a equipe foi capaz
de corrigir os dados, agindo sobre a órbita dos satélites, na calibração dos
instrumento e na degradação de sensores.
Desta forma, os resultados
mostraram claras alterações na distribuição das nuvens, que os autores logo
colocaram em paralelo com a história das concentrações de gases do efeito
estufa na atmosfera.
Os pesquisadores estabeleceram que
"o comportamento das nuvens pareceu consistente com o aumento, gerado pelo
homem, das concentrações de gases do efeito estufa", aponta o instituto de
pesquisa em um comunicado.
Enquanto nenhuma correlação foi
estabelecida com outros fatores potenciais, tais como os níveis de ozônio,
aerossóis de origem antropogênica, ou mudanças naturais na radiação solar.
Em contrapartida, outro fator de
influência, duas grandes erupções vulcânicas - a erupção do Chichon no México
em 1982 e do Monte Pinatubo nas Filipinas em 1991 - agiram sobre as nuvens e
tiveram um efeito de resfriamento por alguns anos, enviando poeira para o ar
refletindo a luz solar.
"Mas, a menos que um novo
evento vulcânico desse tipo aconteça, os cientistas esperam que as tendências
que afetam as nuvens continuem, enquanto o planeta está se aquecendo como
resultado do aumento das concentrações de gases do efeito estufa",
advertem os autores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário