METADE DOS ÁTOMOS DO SEU CORPO VEIO DE OUTRAS GALÁXIAS
Poeira de galáxias
Sabendo
que todos os átomos mais pesados - do hélio para cima na tabela periódica - são criados nas estrelas, costuma-se
dizer que todos nós somos seres feitos de "poeira das estrelas".
Mas
parece que nossos elementos constituintes - e de tudo o mais que conhecemos,
inclusive da Terra - não vieram apenas de vizinhanças mais próximas.
Na
verdade, parece que pelo menos metade dos nossos corpos são "poeira de
galáxias" - de outras galáxias, que não a nossa aconchegante Via Láctea.
"Nós
não nos damos conta de quanto da massa das atuais galáxias similares à Via
Láctea foi na verdade 'roubada' dos ventos de outras galáxias," disse
Claude Faucher Giguère, da Universidade Northwestern, nos EUA.
Até
agora os astrofísicos calculavam que as explosões estelares - as novas e
supernovas - não teriam força suficiente para arremessar poeira pelos
gigantescos espaços intergalácticos, mas Giguère e seus colegas demonstraram
que não é bem assim.
Transferência de massa entre galáxias
Usando
modelos 3D da evolução das galáxias, a equipe simulou o caminho que a matéria
ejetada das explosões estelares teria seguido desde o Big Bang até hoje. As
simulações mais precisas das supernovas revelaram que os ventos galácticos
empurram a matéria muito mais rapidamente do que se pensava anteriormente,
permitindo que elas atinjam outras galáxias.
Os
cálculos indicam que, no tempo de vida de uma galáxia, ela troca matéria
continuamente com suas vizinhas, com a jornada entre uma galáxia e outra desses
átomos, moléculas e até compostos moleculares, levando de algumas centenas de
milhões de anos até 2 bilhões de anos, contou Giguère.
Em
galáxias com 100 bilhões de estrelas ou mais, os ventos galácticos podem ter
transportado cerca de 50% da matéria atual dessas galáxias - dela para outras,
e de outras para ela. Esse percentual é menor para as galáxias menores.
Se
as simulações estiverem corretas, galáxias grandes como a nossa podem ter na
matéria intergaláctica o principal elemento que as permitiu crescer - até
metade de toda a sua massa pode ter chegado pelos ventos intergalácticos.
Cosmologia extragaláctica
Outros
pesquisadores que checaram os cálculos gostaram da análise, como a professora
Jessica Werk, da Universidade de Washington, que afirma que rastrear o fluxo da
matéria da origem do Universo até o presente, e entender onde surgiram os
átomos que compõem o ar que respiramos e a água que bebemos, é um dos problemas
fundamentais da astrofísica.
"É
um dos cálices sagrados da cosmologia extragaláctica. Agora, descobrimos que a
metade desses átomos vem de fora da nossa galáxia," concluiu ela.
Bibliografia:
The cosmic baryon cycle and galaxy mass assembly in the FIRE simulations
Daniel Anglés-Alcázar, Claude-André Faucher-Giguère, Dusan Keres, Philip F. Hopkins, Eliot Quataert, Norman Murray
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/stx1517
The cosmic baryon cycle and galaxy mass assembly in the FIRE simulations
Daniel Anglés-Alcázar, Claude-André Faucher-Giguère, Dusan Keres, Philip F. Hopkins, Eliot Quataert, Norman Murray
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
DOI: 10.1093/mnras/stx1517
Com informações da New
Scientist - 31/07/2017
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=metade-atomos-seu-corpo-veio-outras-galaxias&id=010130170731#.WbPLa_mGPDc
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